612001
reco-reco
berimbau
versos e violões
ruas morros
salões
rapaz velho
papai sempre falou
estudar para ser gente
pobre sem estudo num é ninguém
passam homens
passam cadáveres
cavalos
coragem e esperança
empunham castiçais
iluminam-se veredas
galgam alturas
desejos e sonhos
musicados em notas cabalísticas
Desde criança gostei de escrever e pintar. E aproveito a oportunidade deste blog para publicar o que está escrito e engavetado.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
AMOR E MITO
532002
meu mito
quanta areia movediça
miragens de oásis e tâmaras
dedos-de-ouro deliciosas
como os teus lábios
sempre verdes e carnudos
abertos como as portas dos tempos
eu minto
e os lajeiros da minha terra
têm muito xique-xique
frutos vermelhos carnudos
como os teus lábios
o xexéu vem comer
todas as sementes
e canta e encanta as belas tardes sertanejas
como os teus beijos
e eu como os frutos
espero seu vôo
me tocar
e levar minhas sementes
lançá-las em terra fértil
e ser meu adubo
espero proliferar-me
meu mito
meu mito
quanta areia movediça
miragens de oásis e tâmaras
dedos-de-ouro deliciosas
como os teus lábios
sempre verdes e carnudos
abertos como as portas dos tempos
eu minto
e os lajeiros da minha terra
têm muito xique-xique
frutos vermelhos carnudos
como os teus lábios
o xexéu vem comer
todas as sementes
e canta e encanta as belas tardes sertanejas
como os teus beijos
e eu como os frutos
espero seu vôo
me tocar
e levar minhas sementes
lançá-las em terra fértil
e ser meu adubo
espero proliferar-me
meu mito
CONDUÇÃO
292001
esvoaçam desejos
ultrapasso a mureta
e no ocaso
a silhueta do carcará
imponente se confunde
com o arrebol vespertino
do sertão serrano
espreito
a rua e nada há
estreita uma porta entreabre
e uma anciã conduz uma ânfora indígena
sem asas
os homens comungam
e expiam seus prazeres
para santo antônio são gonçalo
e esvoaçam deuses
os homens caminhavam
esvoaçam desejos
ultrapasso a mureta
e no ocaso
a silhueta do carcará
imponente se confunde
com o arrebol vespertino
do sertão serrano
espreito
a rua e nada há
estreita uma porta entreabre
e uma anciã conduz uma ânfora indígena
sem asas
os homens comungam
e expiam seus prazeres
para santo antônio são gonçalo
e esvoaçam deuses
os homens caminhavam
NONADA
652001
todas as ferramentas
estão afiadas
e eu manuseio
como se fossem
meus próprios dedos
a escultura enfim sorri feliz
por ter saído daquela pedra bruta
há milênios sedimentada
por um bruxo inábil e insensível
as palavras fluem como o rio
que corre
e escorre pensamentos
da terra que dormiam
de outras eras
tudo está posto e o homem
continua manipulando
as ferramentas como desde
a pré-história
o domínio se dá pelo ferro e lêiser
as idéias moldaram
a ganância de ter não satisfaz
quer mais e
o outro não tem nada nonada
todas as ferramentas
estão afiadas
e eu manuseio
como se fossem
meus próprios dedos
a escultura enfim sorri feliz
por ter saído daquela pedra bruta
há milênios sedimentada
por um bruxo inábil e insensível
as palavras fluem como o rio
que corre
e escorre pensamentos
da terra que dormiam
de outras eras
tudo está posto e o homem
continua manipulando
as ferramentas como desde
a pré-história
o domínio se dá pelo ferro e lêiser
as idéias moldaram
a ganância de ter não satisfaz
quer mais e
o outro não tem nada nonada
METAPOEMA
15122000
queria fazer um poema
cheio de rimas fáceis
onde eu expressasse todos os meus desejos
queria fazer um poema
um haicai - pode ser!
que extirpasse todas as minhas ânsias
e eu ficasse zen
queria fazer um poema em prosa
onde eu me derramasse
e me esvaziasse
todos os pensamentos todas as idéias
queria fazer um poema
em cordel
que cantasse minha peleja
com a vida e o diabo
num repente de luta e de desafogo
eu quero fazer um poema
que eu diga
que minha paixão
é ridícula e pueril
queria fazer um poema
cheio de rimas fáceis
onde eu expressasse todos os meus desejos
queria fazer um poema
um haicai - pode ser!
que extirpasse todas as minhas ânsias
e eu ficasse zen
queria fazer um poema em prosa
onde eu me derramasse
e me esvaziasse
todos os pensamentos todas as idéias
queria fazer um poema
em cordel
que cantasse minha peleja
com a vida e o diabo
num repente de luta e de desafogo
eu quero fazer um poema
que eu diga
que minha paixão
é ridícula e pueril
GRITO
13122000
a minha alma grita
e vazio o ermo (me) espreita
como um espelho
ninguém diz nada ninguém sabe nada ninguém
me enoja tudo me enoja todos
a mim
o ermo o grito surdo sem eco
de uma alma em chamas
lascerada
por um tempo vil
de borrasca e tempestades
a minha alma clama
e um vazio espreita-me
como um esperto cão
e eu lascerado
espero o tempo sarar
minhas feridas
dos encontros com
os outros
a minha alma calma
espraia-se realizada
a minha alma grita
e vazio o ermo (me) espreita
como um espelho
ninguém diz nada ninguém sabe nada ninguém
me enoja tudo me enoja todos
a mim
o ermo o grito surdo sem eco
de uma alma em chamas
lascerada
por um tempo vil
de borrasca e tempestades
a minha alma clama
e um vazio espreita-me
como um esperto cão
e eu lascerado
espero o tempo sarar
minhas feridas
dos encontros com
os outros
a minha alma calma
espraia-se realizada
UNE HISTOIRE D'AMOUR
17112000
um grito de ciúme
na pista molhada
e todos vêem que se trata
de amor incontido
que chora imcompreensões
um beijo no asfalto
e escorre lágrimas
pela dor das flores
jogadas em pétalas
na sargeta
e todas as cores saíram
dos olhos daquele broto
possesso de prazeres e desejos
e as lágrimas firmaram-se arco-íris
dois pássaros esvoaçam
a rua plena
e em vôo plano
roubam auras
de homens-cor-de-cinza
e transmudam-se
em busca de realizações
um grito de ciúme
na pista molhada
e todos vêem que se trata
de amor incontido
que chora imcompreensões
um beijo no asfalto
e escorre lágrimas
pela dor das flores
jogadas em pétalas
na sargeta
e todas as cores saíram
dos olhos daquele broto
possesso de prazeres e desejos
e as lágrimas firmaram-se arco-íris
dois pássaros esvoaçam
a rua plena
e em vôo plano
roubam auras
de homens-cor-de-cinza
e transmudam-se
em busca de realizações
RAPAZES PENSANTES E PULSANTES
4112000
como é agradável estar
em companhia dos rapazes bonitos
brônzeos e hercúleos
moldados nas dunas
descidas e subidas ladeiras
do sol mãe luíza e mereto
como é bom tê-los
bem perto acariciando
e vê-los de hastes em riste
fazendo flores de homens viris
sonhando em galgar as ladeiras da vida
e todas as águas de março
se fazendo passado
e outros verão
virão pras águas outras de marços
outros se fazerem presentes
e outros rapazes florescentes
surgirem pra embelezarem
os jardins da vida
como é agradável a companhia de
rapazes pensantes e pulsantes
como é agradável estar
em companhia dos rapazes bonitos
brônzeos e hercúleos
moldados nas dunas
descidas e subidas ladeiras
do sol mãe luíza e mereto
como é bom tê-los
bem perto acariciando
e vê-los de hastes em riste
fazendo flores de homens viris
sonhando em galgar as ladeiras da vida
e todas as águas de março
se fazendo passado
e outros verão
virão pras águas outras de marços
outros se fazerem presentes
e outros rapazes florescentes
surgirem pra embelezarem
os jardins da vida
como é agradável a companhia de
rapazes pensantes e pulsantes
14 DE JULHO
24112001
o povo se rebelou e fez história
muitos oguns surgiram
nas multidões
e se lembravam todos
do rei de frança
e desejam
decepar todos os reis
do capital
o sol surgiu
e todas as árvores sorriam
com os cuidados de ossãe
nós teremos um 14 de julho
uma vontade forte e obstinada
vence tudo
a natureza os elementos os obstáculos
o povo se rebelou e fez história
muitos oguns surgiram
nas multidões
e se lembravam todos
do rei de frança
e desejam
decepar todos os reis
do capital
o sol surgiu
e todas as árvores sorriam
com os cuidados de ossãe
nós teremos um 14 de julho
uma vontade forte e obstinada
vence tudo
a natureza os elementos os obstáculos
O OLHAR DA SUINDARA
351990
um lobo me doma
e eu o conduzo por entre cactos e juás
me tira do leito de cetim e flores
por não querer-me como sou
me levou para longe
para andar por onde eu nunca andara
e eu suindara andei
a tentar entender
os concretos que muitos construíram
e eu também
não sei porque não me devorastes
comendo o meu coração em pagamento
das dívidas da minha raça
que te deveu um beijo
que quis me darem
e eu fiquei ossãe
saí pra urb
que às vezes não me faz bem
mas me faz (quase) ver
a dor de negras
almas submetidas e subservientes
a ridículos homens que parasitas
nos roubam
um lobo me doma
e eu o conduzo por entre cactos e juás
me tira do leito de cetim e flores
por não querer-me como sou
me levou para longe
para andar por onde eu nunca andara
e eu suindara andei
a tentar entender
os concretos que muitos construíram
e eu também
não sei porque não me devorastes
comendo o meu coração em pagamento
das dívidas da minha raça
que te deveu um beijo
que quis me darem
e eu fiquei ossãe
saí pra urb
que às vezes não me faz bem
mas me faz (quase) ver
a dor de negras
almas submetidas e subservientes
a ridículos homens que parasitas
nos roubam
SEM TÍTULO
2342002
a bigorna e o machado todos os sonhos
martelados e desferidos golpes
moldados
retirados pensamentos
como escamas sucessivas
filetadas insistentes
a vontade da felicidade
sobrepunha todas as resistências
para que escrever
se a água vem e varre a praia?
vago impulso
que me lava a alma
e os pensamentos
moldar o ouro
ferir o caule
é a gana do homem
néscio devaneante
talha e esculpe
desejos e taras
a bigorna e o machado todos os sonhos
martelados e desferidos golpes
moldados
retirados pensamentos
como escamas sucessivas
filetadas insistentes
a vontade da felicidade
sobrepunha todas as resistências
para que escrever
se a água vem e varre a praia?
vago impulso
que me lava a alma
e os pensamentos
moldar o ouro
ferir o caule
é a gana do homem
néscio devaneante
talha e esculpe
desejos e taras
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