segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O OLHAR DA SUINDARA

351990

um lobo me doma
e eu o conduzo por entre cactos e juás
me tira do leito de cetim e flores
por não querer-me como sou
me levou para longe
para andar por onde eu nunca andara
e eu suindara andei
a tentar entender
os concretos que muitos construíram
e eu também


não sei porque não me devorastes
comendo o meu coração em pagamento
das dívidas da minha raça
que te deveu um beijo
que quis me darem

e eu fiquei ossãe
saí pra urb
que às vezes não me faz bem
mas me faz (quase) ver
a dor de negras
almas submetidas e subservientes
a ridículos homens que parasitas
nos roubam

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