sexta-feira, 2 de julho de 2010

O ETERNO

1191990                                                                              a francisco ivan e
                                                                                            a haroldo de campos

ele deixou a porta abrida porque gostava da fresca
que corria e lhe refrescava o ventre
cansado de tanto soerguer-se
tonto e cansado ficava
e recebia com a porta abrida a fresca que corria
seu filhinho sonho de tanto sonhar
com a porta abrida recebia com ele a fresca que corria
e corria na rua a ganância de mais querer
e destruir o outro que sonhava seus sonhos
a realizá-los
e corria uma fresca brisa que refrescava a irrealização de sonhos
e acariciava outros há muito sonhados
sua porta a fresca o sonho o filhinho ele
sonho de tantos e tontos sonhos
que a fresca trazia e levava outros que outros iam a sonhar
e corria a ganga
que abrida a porta lhe destruía os sonhos
semelhantes às bridas que castravam os sonhos dos cavalos alados
obrigados a não mais correr e voar
na brisa dos campos que refrescava os sonhos
como o homem do sonho que recebia a fresca que passava em sua porta
lhe acariciava os sonhos e lhe fazia sonhar
o tempo a contento via tudo e todos
de tanto passar o tempo
à brisa de todos os tempos descansou ele

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