612001
reco-reco
berimbau
versos e violões
ruas morros
salões
rapaz velho
papai sempre falou
estudar para ser gente
pobre sem estudo num é ninguém
passam homens
passam cadáveres
cavalos
coragem e esperança
empunham castiçais
iluminam-se veredas
galgam alturas
desejos e sonhos
musicados em notas cabalísticas
Desde criança gostei de escrever e pintar. E aproveito a oportunidade deste blog para publicar o que está escrito e engavetado.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
AMOR E MITO
532002
meu mito
quanta areia movediça
miragens de oásis e tâmaras
dedos-de-ouro deliciosas
como os teus lábios
sempre verdes e carnudos
abertos como as portas dos tempos
eu minto
e os lajeiros da minha terra
têm muito xique-xique
frutos vermelhos carnudos
como os teus lábios
o xexéu vem comer
todas as sementes
e canta e encanta as belas tardes sertanejas
como os teus beijos
e eu como os frutos
espero seu vôo
me tocar
e levar minhas sementes
lançá-las em terra fértil
e ser meu adubo
espero proliferar-me
meu mito
meu mito
quanta areia movediça
miragens de oásis e tâmaras
dedos-de-ouro deliciosas
como os teus lábios
sempre verdes e carnudos
abertos como as portas dos tempos
eu minto
e os lajeiros da minha terra
têm muito xique-xique
frutos vermelhos carnudos
como os teus lábios
o xexéu vem comer
todas as sementes
e canta e encanta as belas tardes sertanejas
como os teus beijos
e eu como os frutos
espero seu vôo
me tocar
e levar minhas sementes
lançá-las em terra fértil
e ser meu adubo
espero proliferar-me
meu mito
CONDUÇÃO
292001
esvoaçam desejos
ultrapasso a mureta
e no ocaso
a silhueta do carcará
imponente se confunde
com o arrebol vespertino
do sertão serrano
espreito
a rua e nada há
estreita uma porta entreabre
e uma anciã conduz uma ânfora indígena
sem asas
os homens comungam
e expiam seus prazeres
para santo antônio são gonçalo
e esvoaçam deuses
os homens caminhavam
esvoaçam desejos
ultrapasso a mureta
e no ocaso
a silhueta do carcará
imponente se confunde
com o arrebol vespertino
do sertão serrano
espreito
a rua e nada há
estreita uma porta entreabre
e uma anciã conduz uma ânfora indígena
sem asas
os homens comungam
e expiam seus prazeres
para santo antônio são gonçalo
e esvoaçam deuses
os homens caminhavam
NONADA
652001
todas as ferramentas
estão afiadas
e eu manuseio
como se fossem
meus próprios dedos
a escultura enfim sorri feliz
por ter saído daquela pedra bruta
há milênios sedimentada
por um bruxo inábil e insensível
as palavras fluem como o rio
que corre
e escorre pensamentos
da terra que dormiam
de outras eras
tudo está posto e o homem
continua manipulando
as ferramentas como desde
a pré-história
o domínio se dá pelo ferro e lêiser
as idéias moldaram
a ganância de ter não satisfaz
quer mais e
o outro não tem nada nonada
todas as ferramentas
estão afiadas
e eu manuseio
como se fossem
meus próprios dedos
a escultura enfim sorri feliz
por ter saído daquela pedra bruta
há milênios sedimentada
por um bruxo inábil e insensível
as palavras fluem como o rio
que corre
e escorre pensamentos
da terra que dormiam
de outras eras
tudo está posto e o homem
continua manipulando
as ferramentas como desde
a pré-história
o domínio se dá pelo ferro e lêiser
as idéias moldaram
a ganância de ter não satisfaz
quer mais e
o outro não tem nada nonada
METAPOEMA
15122000
queria fazer um poema
cheio de rimas fáceis
onde eu expressasse todos os meus desejos
queria fazer um poema
um haicai - pode ser!
que extirpasse todas as minhas ânsias
e eu ficasse zen
queria fazer um poema em prosa
onde eu me derramasse
e me esvaziasse
todos os pensamentos todas as idéias
queria fazer um poema
em cordel
que cantasse minha peleja
com a vida e o diabo
num repente de luta e de desafogo
eu quero fazer um poema
que eu diga
que minha paixão
é ridícula e pueril
queria fazer um poema
cheio de rimas fáceis
onde eu expressasse todos os meus desejos
queria fazer um poema
um haicai - pode ser!
que extirpasse todas as minhas ânsias
e eu ficasse zen
queria fazer um poema em prosa
onde eu me derramasse
e me esvaziasse
todos os pensamentos todas as idéias
queria fazer um poema
em cordel
que cantasse minha peleja
com a vida e o diabo
num repente de luta e de desafogo
eu quero fazer um poema
que eu diga
que minha paixão
é ridícula e pueril
GRITO
13122000
a minha alma grita
e vazio o ermo (me) espreita
como um espelho
ninguém diz nada ninguém sabe nada ninguém
me enoja tudo me enoja todos
a mim
o ermo o grito surdo sem eco
de uma alma em chamas
lascerada
por um tempo vil
de borrasca e tempestades
a minha alma clama
e um vazio espreita-me
como um esperto cão
e eu lascerado
espero o tempo sarar
minhas feridas
dos encontros com
os outros
a minha alma calma
espraia-se realizada
a minha alma grita
e vazio o ermo (me) espreita
como um espelho
ninguém diz nada ninguém sabe nada ninguém
me enoja tudo me enoja todos
a mim
o ermo o grito surdo sem eco
de uma alma em chamas
lascerada
por um tempo vil
de borrasca e tempestades
a minha alma clama
e um vazio espreita-me
como um esperto cão
e eu lascerado
espero o tempo sarar
minhas feridas
dos encontros com
os outros
a minha alma calma
espraia-se realizada
UNE HISTOIRE D'AMOUR
17112000
um grito de ciúme
na pista molhada
e todos vêem que se trata
de amor incontido
que chora imcompreensões
um beijo no asfalto
e escorre lágrimas
pela dor das flores
jogadas em pétalas
na sargeta
e todas as cores saíram
dos olhos daquele broto
possesso de prazeres e desejos
e as lágrimas firmaram-se arco-íris
dois pássaros esvoaçam
a rua plena
e em vôo plano
roubam auras
de homens-cor-de-cinza
e transmudam-se
em busca de realizações
um grito de ciúme
na pista molhada
e todos vêem que se trata
de amor incontido
que chora imcompreensões
um beijo no asfalto
e escorre lágrimas
pela dor das flores
jogadas em pétalas
na sargeta
e todas as cores saíram
dos olhos daquele broto
possesso de prazeres e desejos
e as lágrimas firmaram-se arco-íris
dois pássaros esvoaçam
a rua plena
e em vôo plano
roubam auras
de homens-cor-de-cinza
e transmudam-se
em busca de realizações
RAPAZES PENSANTES E PULSANTES
4112000
como é agradável estar
em companhia dos rapazes bonitos
brônzeos e hercúleos
moldados nas dunas
descidas e subidas ladeiras
do sol mãe luíza e mereto
como é bom tê-los
bem perto acariciando
e vê-los de hastes em riste
fazendo flores de homens viris
sonhando em galgar as ladeiras da vida
e todas as águas de março
se fazendo passado
e outros verão
virão pras águas outras de marços
outros se fazerem presentes
e outros rapazes florescentes
surgirem pra embelezarem
os jardins da vida
como é agradável a companhia de
rapazes pensantes e pulsantes
como é agradável estar
em companhia dos rapazes bonitos
brônzeos e hercúleos
moldados nas dunas
descidas e subidas ladeiras
do sol mãe luíza e mereto
como é bom tê-los
bem perto acariciando
e vê-los de hastes em riste
fazendo flores de homens viris
sonhando em galgar as ladeiras da vida
e todas as águas de março
se fazendo passado
e outros verão
virão pras águas outras de marços
outros se fazerem presentes
e outros rapazes florescentes
surgirem pra embelezarem
os jardins da vida
como é agradável a companhia de
rapazes pensantes e pulsantes
14 DE JULHO
24112001
o povo se rebelou e fez história
muitos oguns surgiram
nas multidões
e se lembravam todos
do rei de frança
e desejam
decepar todos os reis
do capital
o sol surgiu
e todas as árvores sorriam
com os cuidados de ossãe
nós teremos um 14 de julho
uma vontade forte e obstinada
vence tudo
a natureza os elementos os obstáculos
o povo se rebelou e fez história
muitos oguns surgiram
nas multidões
e se lembravam todos
do rei de frança
e desejam
decepar todos os reis
do capital
o sol surgiu
e todas as árvores sorriam
com os cuidados de ossãe
nós teremos um 14 de julho
uma vontade forte e obstinada
vence tudo
a natureza os elementos os obstáculos
O OLHAR DA SUINDARA
351990
um lobo me doma
e eu o conduzo por entre cactos e juás
me tira do leito de cetim e flores
por não querer-me como sou
me levou para longe
para andar por onde eu nunca andara
e eu suindara andei
a tentar entender
os concretos que muitos construíram
e eu também
não sei porque não me devorastes
comendo o meu coração em pagamento
das dívidas da minha raça
que te deveu um beijo
que quis me darem
e eu fiquei ossãe
saí pra urb
que às vezes não me faz bem
mas me faz (quase) ver
a dor de negras
almas submetidas e subservientes
a ridículos homens que parasitas
nos roubam
um lobo me doma
e eu o conduzo por entre cactos e juás
me tira do leito de cetim e flores
por não querer-me como sou
me levou para longe
para andar por onde eu nunca andara
e eu suindara andei
a tentar entender
os concretos que muitos construíram
e eu também
não sei porque não me devorastes
comendo o meu coração em pagamento
das dívidas da minha raça
que te deveu um beijo
que quis me darem
e eu fiquei ossãe
saí pra urb
que às vezes não me faz bem
mas me faz (quase) ver
a dor de negras
almas submetidas e subservientes
a ridículos homens que parasitas
nos roubam
SEM TÍTULO
2342002
a bigorna e o machado todos os sonhos
martelados e desferidos golpes
moldados
retirados pensamentos
como escamas sucessivas
filetadas insistentes
a vontade da felicidade
sobrepunha todas as resistências
para que escrever
se a água vem e varre a praia?
vago impulso
que me lava a alma
e os pensamentos
moldar o ouro
ferir o caule
é a gana do homem
néscio devaneante
talha e esculpe
desejos e taras
a bigorna e o machado todos os sonhos
martelados e desferidos golpes
moldados
retirados pensamentos
como escamas sucessivas
filetadas insistentes
a vontade da felicidade
sobrepunha todas as resistências
para que escrever
se a água vem e varre a praia?
vago impulso
que me lava a alma
e os pensamentos
moldar o ouro
ferir o caule
é a gana do homem
néscio devaneante
talha e esculpe
desejos e taras
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
TEXTO DE AUTO-AJUDA?
2682010
uma saudação de bom dia
muitas vezes tem sido interpretada
como caretice
quando você transeunta pelas ruas de sua cidade
uma mensagem de desejo
de crescimento de felicidade de harmonia
tem sido vista como coisa pegajosa
um aperto de mão
um abraço
pode ser lido como inoportuno
ou invasivo
mas é tão bom quando
encontramos pessoas
com calor humano
que acredita no outro e quer
o seu crescimento
então peço
perdõe-me se sou repetitivo e
se mais de uma vez
desejo que vc esteja
em harmonia consigo mesmo
e com os seus conviventes
se muitas vezes estou desejando
que deus
a vida
lhe conceda sabedoria e equilíbrio
para ponderar e discernir
quando das suas decisões
acho que é coisa de educador
mas o povo também tem
um ditado maravilhoso
"água-mole-em-pedra-dura-tanto-bate-até-que-fura"
pode ser que
de muito todos nós desejarmos
só coisas boas para o próximo
possamos ser atingidos
por esta onda
né?
uma saudação de bom dia
muitas vezes tem sido interpretada
como caretice
quando você transeunta pelas ruas de sua cidade
uma mensagem de desejo
de crescimento de felicidade de harmonia
tem sido vista como coisa pegajosa
um aperto de mão
um abraço
pode ser lido como inoportuno
ou invasivo
mas é tão bom quando
encontramos pessoas
com calor humano
que acredita no outro e quer
o seu crescimento
então peço
perdõe-me se sou repetitivo e
se mais de uma vez
desejo que vc esteja
em harmonia consigo mesmo
e com os seus conviventes
se muitas vezes estou desejando
que deus
a vida
lhe conceda sabedoria e equilíbrio
para ponderar e discernir
quando das suas decisões
acho que é coisa de educador
mas o povo também tem
um ditado maravilhoso
"água-mole-em-pedra-dura-tanto-bate-até-que-fura"
pode ser que
de muito todos nós desejarmos
só coisas boas para o próximo
possamos ser atingidos
por esta onda
né?
terça-feira, 3 de agosto de 2010
REALIDADE
1392001
o mundo está a cada dia mais
desumano
bomba
fome
miséria
torpedo
doenças
ignorância
míssil
as superpopulações imposições
segregação
intolerância
massacre
luta e realizações
a vida não pára
o mundo está a cada dia mais
desumano
bomba
fome
miséria
torpedo
doenças
ignorância
míssil
as superpopulações imposições
segregação
intolerância
massacre
luta e realizações
a vida não pára
ILUSÃO
1471998
amarga felicidade
de tê-lo tão longe sol
e tão perto teus raios
de sentir essa angústia
que lascera minhas células
e o meu poema
linda onda de mar que me acorda e me faz
voltar ao início de tudo
às minhas vontades e
à saudade
lindo mar de sonhos
e dos meus desejos
contidos escrachados tolhidos felizes
de eternidade
amarga felicidade
de tê-lo tão longe sol
e tão perto teus raios
de sentir essa angústia
que lascera minhas células
e o meu poema
linda onda de mar que me acorda e me faz
voltar ao início de tudo
às minhas vontades e
à saudade
lindo mar de sonhos
e dos meus desejos
contidos escrachados tolhidos felizes
de eternidade
sexta-feira, 23 de julho de 2010
A PALAVRA
2372010
chave de entrada e saída a palavra
transforma homens
em pássaros que olham da arábia saudita
suaviza tapas
e carícias são lidas
vamos viajar e sonhar
com dias amenos
quando todos celebram
a harmonia de ser o que é
a diferença da cor da prata
da água que corre
e escorre rumo ao mar
da luta da labuta
e do perfume que exala
dos corpos nus
cada dia é dia de renascer
chave de entrada e saída a palavra
transforma homens
em pássaros que olham da arábia saudita
suaviza tapas
e carícias são lidas
vamos viajar e sonhar
com dias amenos
quando todos celebram
a harmonia de ser o que é
a diferença da cor da prata
da água que corre
e escorre rumo ao mar
da luta da labuta
e do perfume que exala
dos corpos nus
cada dia é dia de renascer
quinta-feira, 22 de julho de 2010
AS DUAS MULETAS
2692003 a márlio forte, meu amigo
o nada se apoiava nele
e jogava-se no nada como apoio
e difundiam-se entre si
e alguns néscios que eram
erravam nos passos e trupicavam
esbarravam em nada
que tinham construído
nos dias passados
e o futuro lhes metia medo
por não saberem inovar
e nada faziam
pra não saírem das burocratas rotinas
a inércia
e apregoavam feitos
desfeitos por eles mesmos
quais penélopes
e tinham desesperança
e mentiam que esperavam
o nada se apoiava nele
e jogava-se no nada como apoio
e difundiam-se entre si
e alguns néscios que eram
erravam nos passos e trupicavam
esbarravam em nada
que tinham construído
nos dias passados
e o futuro lhes metia medo
por não saberem inovar
e nada faziam
pra não saírem das burocratas rotinas
a inércia
e apregoavam feitos
desfeitos por eles mesmos
quais penélopes
e tinham desesperança
e mentiam que esperavam
quarta-feira, 21 de julho de 2010
O BOTÃO E O VÔMITO
1541993
preso aos meus pensamentos e a um pseudoamor
vou de branco pela rua parda
como uma felina em busca de um coração
pra fazê-lo sangrar
e eu é que sangrei em risos
e só risos o vi passar acompanhado
de uma devoradora de anjos-de-esquinas
e a esquina se tornou seu capital capital
sua cidade e a porta da alcova que ele nunca tivera
senão por empréstimo ou compaixão
saciado e em lásceras vibrei
por ele afastar-se no asfalto à toda
numa máquina branca que voava
em busca do prazer fugaz que o deixara partido
e eu "vou de branco pela rua cinzeta"
me esvaio em melancolias
mas não adianta segui-lo até a náusea
pois as minhas armas
me garantem a vitória
e ele colorido passava na máquina branca
que voava em busca do prazer fugaz que o deixaria
partido
e a cidade parda compreendia as cores o branco
e as artérias por onde passava
o saciado vômito da flor em botão
31 anos e muitos muitos problemas e sonhos
e os muros não são surdos nem mudos
se escuta por eles e deles se faz escutar
e a lua-quarto-minguante consola a cidade
e não a renova
se faz necessário
"pôr fogo em tudo inclusive em mim"
saio ás onze horas da noite e inseguro tateio
o vácuo que existe entre o broto da
esquina colorido
e o instinto me faz ver
brotar na máquina feia branca que
"furou o asfalto" e era uma foice
que ceifava vidas porque era o tempo da sega
preso aos meus pensamentos e a um pseudoamor
vou de branco pela rua parda
como uma felina em busca de um coração
pra fazê-lo sangrar
e eu é que sangrei em risos
e só risos o vi passar acompanhado
de uma devoradora de anjos-de-esquinas
e a esquina se tornou seu capital capital
sua cidade e a porta da alcova que ele nunca tivera
senão por empréstimo ou compaixão
saciado e em lásceras vibrei
por ele afastar-se no asfalto à toda
numa máquina branca que voava
em busca do prazer fugaz que o deixara partido
e eu "vou de branco pela rua cinzeta"
me esvaio em melancolias
mas não adianta segui-lo até a náusea
pois as minhas armas
me garantem a vitória
e ele colorido passava na máquina branca
que voava em busca do prazer fugaz que o deixaria
partido
e a cidade parda compreendia as cores o branco
e as artérias por onde passava
o saciado vômito da flor em botão
31 anos e muitos muitos problemas e sonhos
e os muros não são surdos nem mudos
se escuta por eles e deles se faz escutar
e a lua-quarto-minguante consola a cidade
e não a renova
se faz necessário
"pôr fogo em tudo inclusive em mim"
saio ás onze horas da noite e inseguro tateio
o vácuo que existe entre o broto da
esquina colorido
e o instinto me faz ver
brotar na máquina feia branca que
"furou o asfalto" e era uma foice
que ceifava vidas porque era o tempo da sega
É POSSÍVEL
09112001
os óculos não são meus
mas usei
para te ver melhor
e percebi o quanto eras egoísta
e eu sonâmbulo
tentei voltar ao início do caminho
e já era noite
os vampiros saíam em revoada
pelas ruas do planeta
e um príncipe não coroado
disse-me
os ianques baqueiam os povos
para serem hegemônicos
os gregos os romanos
estão no pretérito
o porvir será mais igualitário
que todos os homens se amem
o príncipe disse
é necessário falar ao povo
organizar a massa e ascender
a qualidade de vida
eu vou usar óculos
para ver melhor
os óculos não são meus
mas usei
para te ver melhor
e percebi o quanto eras egoísta
e eu sonâmbulo
tentei voltar ao início do caminho
e já era noite
os vampiros saíam em revoada
pelas ruas do planeta
e um príncipe não coroado
disse-me
os ianques baqueiam os povos
para serem hegemônicos
os gregos os romanos
estão no pretérito
o porvir será mais igualitário
que todos os homens se amem
o príncipe disse
é necessário falar ao povo
organizar a massa e ascender
a qualidade de vida
eu vou usar óculos
para ver melhor
domingo, 18 de julho de 2010
REALIDADE OU ESPERANÇA
2112001
sou utópico
possivelmente louco
talvez sano
todas as mulheres
são ícone da liberdade
o homem opressão
as flores exteriorizam a força
a necessidade de luta
da massa bruta
que não se deixa vencer e
cega tateia
amarrada se move
amordaçada gesticula
analfabeta
anseia o cosmos
e eu sonho
a ideologia se solidifica
vejo transformação
é utopia
sou utópico
possivelmente louco
talvez sano
todas as mulheres
são ícone da liberdade
o homem opressão
as flores exteriorizam a força
a necessidade de luta
da massa bruta
que não se deixa vencer e
cega tateia
amarrada se move
amordaçada gesticula
analfabeta
anseia o cosmos
e eu sonho
a ideologia se solidifica
vejo transformação
é utopia
DEMOCRACIA E (RÉ)PÚBLICA
692001
1822
independência de nada
ordem para a malta que não tem direito
a nada
progresso para a elite que manipula
tudo
7 de setembro
eu não tenho o que comemorar
nós não temos independência
há desigualdade social
miséria da maioria
falta de moradia
saúde educação
as urbes incham
criando a violência
que é vista como
própria dos revoltados
e a mídia distorce tudo
invertem os papéis
os corruptos são endeusados
os miseráveis condenados
à prisão fome degradação
não temos independência não!
que bom será no dia que conseguirmos
nos organizar e mudar
tudo!
1822
independência de nada
ordem para a malta que não tem direito
a nada
progresso para a elite que manipula
tudo
7 de setembro
eu não tenho o que comemorar
nós não temos independência
há desigualdade social
miséria da maioria
falta de moradia
saúde educação
as urbes incham
criando a violência
que é vista como
própria dos revoltados
e a mídia distorce tudo
invertem os papéis
os corruptos são endeusados
os miseráveis condenados
à prisão fome degradação
não temos independência não!
que bom será no dia que conseguirmos
nos organizar e mudar
tudo!
NESSE PONTO
16112001
todos os homens são fúteis
a alma plena
meu coração pétreo
sorriu com o sorriso da lua
quarto crescente
o sertão tão esperança
não compreendeu o vôo
à lua
dizem que o homem lá não foi
eu quero ir a marte
no próximo verão
caminhar por entre os vales
e brilhar no universo arco-íris
um lindo mar de algas
me alimenta
e eu rejuvenesço a cada segundo
dez anos
o colibri pousou no meu jardim e as
helicônias e ixórias sorriem açúcar
a terra é fértil
todos os homens são fúteis
a alma plena
meu coração pétreo
sorriu com o sorriso da lua
quarto crescente
o sertão tão esperança
não compreendeu o vôo
à lua
dizem que o homem lá não foi
eu quero ir a marte
no próximo verão
caminhar por entre os vales
e brilhar no universo arco-íris
um lindo mar de algas
me alimenta
e eu rejuvenesço a cada segundo
dez anos
o colibri pousou no meu jardim e as
helicônias e ixórias sorriem açúcar
a terra é fértil
segunda-feira, 12 de julho de 2010
É BOM TE AMAR
2091997
oh! quão bom é te amar
e te desejar
o melhor
o meu amor é incontido
e sem controle procuro
sequioso nos teus lábios
teu néctar
e você foge de mim
e mesmo assim
quão bom é te amar
te sentir ao meu lado
e sem querer nos devoramos algo
e em algum lugar
nos amamos
e nos sentimos e pensamos em todas as coisas
quão bom é me amar
e eu como penélope
destroço tudo esperando meu amor
ou querendo lhe acompanhar
faço e desfaço sonhos
todos os sóis e luas passam
e trezentos e sessenta e cinco dias
o diz que vai voltar
oh! quão bom é te amar
e te desejar
o melhor
o meu amor é incontido
e sem controle procuro
sequioso nos teus lábios
teu néctar
e você foge de mim
e mesmo assim
quão bom é te amar
te sentir ao meu lado
e sem querer nos devoramos algo
e em algum lugar
nos amamos
e nos sentimos e pensamos em todas as coisas
quão bom é me amar
e eu como penélope
destroço tudo esperando meu amor
ou querendo lhe acompanhar
faço e desfaço sonhos
todos os sóis e luas passam
e trezentos e sessenta e cinco dias
o diz que vai voltar
terça-feira, 6 de julho de 2010
BANQUETE
2331991
no próximo natal na tal cidade
quero sair em ritmo de samba e fanque
fantasiado de colombina
em cores argênteas e hélias
e tirar todos os perus ensopados
em vinhas d'alho das mesas das casas de família
para banquetear e saciar nas ruas o povo
como faziam na base da pirâmide
de teotihuakan com o corpo
daquele primoroso rapaz preparado
para os deuses que devoravam seu coração
e a malta o corpo
no próximo natal quero ficar alegre
e tirar o fraque
com aquele rabo de galo
que empertiga e trunca emoções
e expressões que fazem bem
que fazem rir
no próximo natal quero estar bem
no próximo natal na tal cidade
quero sair em ritmo de samba e fanque
fantasiado de colombina
em cores argênteas e hélias
e tirar todos os perus ensopados
em vinhas d'alho das mesas das casas de família
para banquetear e saciar nas ruas o povo
como faziam na base da pirâmide
de teotihuakan com o corpo
daquele primoroso rapaz preparado
para os deuses que devoravam seu coração
e a malta o corpo
no próximo natal quero ficar alegre
e tirar o fraque
com aquele rabo de galo
que empertiga e trunca emoções
e expressões que fazem bem
que fazem rir
no próximo natal quero estar bem
segunda-feira, 5 de julho de 2010
PLÁGIO AO LÁCIO
491990
flor dos trópicos
que bela e róseo-jambo
exala um tênue e suado
odor cítrico
flor linha minha rosa
a missíclone poti
sem garçonieres nem rotisseries
o horizonte reluzente e distante
nos alumia ígneos raios de um sol
promissor e caliente
flor dos trópicos
que bela e róseo-jambo
exala um tênue e suado
odor cítrico
flor linha minha rosa
a missíclone poti
sem garçonieres nem rotisseries
o horizonte reluzente e distante
nos alumia ígneos raios de um sol
promissor e caliente
NA VIDA
2331988
me esvaio
me acabo
me renovo
de novo
para depois murchar
broto minguado e pobre
revigoro-me
e torno a crescer
corro caio levanto caminho
estrupio cambaleio caio
me levando
me levanto para ser
me esvaio
me acabo
me renovo
de novo
para depois murchar
broto minguado e pobre
revigoro-me
e torno a crescer
corro caio levanto caminho
estrupio cambaleio caio
me levando
me levanto para ser
O POETA E A POESIA
831988
o poeta é a poesia
que o diabo amassou
são dores vividas
pela intensidade da vida
são gozos profundos
que só a vida pode ter
um sofre dor
sofredor da dor
é a vida jorrando sem nunca estancar
jorrando vida e movimentos
ávidos de vida
é um fluxo a jorrar
versos e poesia
em cada canto
o poeta é a poesia
que o diabo amassou
são dores vividas
pela intensidade da vida
são gozos profundos
que só a vida pode ter
um sofre dor
sofredor da dor
é a vida jorrando sem nunca estancar
jorrando vida e movimentos
ávidos de vida
é um fluxo a jorrar
versos e poesia
em cada canto
ROCHA
5121989
ser pedra e não ficar à beira do caminho
sentir-se um toco e levar topadas em suas frondes
não ser pedra nem toco
mas tudo que está oscilando como ondas
acima das estrelas
ser um toco que ilumina estrelas e está além por ser a vésper
aparece no horizonte que passa
como os caminhos que comportam
pedras tocos e reflexos
de meteoros ocos sem nexo
e nexo em suas esferas
como espirais caminham
saindo e entrando numa sequência lógica e harmônica
do caos à luz e da luz ao caos
e como os primitivos e civilizados
retornam e avançam em seus caminhos
de pedra e ferro e lêiser
ser pedra e não ficar à beira do caminho
sentir-se um toco e levar topadas em suas frondes
não ser pedra nem toco
mas tudo que está oscilando como ondas
acima das estrelas
ser um toco que ilumina estrelas e está além por ser a vésper
aparece no horizonte que passa
como os caminhos que comportam
pedras tocos e reflexos
de meteoros ocos sem nexo
e nexo em suas esferas
como espirais caminham
saindo e entrando numa sequência lógica e harmônica
do caos à luz e da luz ao caos
e como os primitivos e civilizados
retornam e avançam em seus caminhos
de pedra e ferro e lêiser
O TEMPO
391995
depois da borrasca a bonança
depois do beijo o escarro
depois de apertar-se afastar-se de apertar
e depois de querer deixar de querer
assim é a vida do homem
e o seu tempo debaixo do tempo
e porque não depois de rasgar coser?
e depois de odiar amar?
agora somente a brisa
roça o rosto
do homem
que coisa tão boa é melhor
do que sonhar
e ter os pés no chão?
o perto e o longe
são senão o mesmo lugar
a mesma terra
é o mesmo vento
é a mesma brisa
o mesmo mar
depois da borrasca a bonança
depois do beijo o escarro
depois de apertar-se afastar-se de apertar
e depois de querer deixar de querer
assim é a vida do homem
e o seu tempo debaixo do tempo
e porque não depois de rasgar coser?
e depois de odiar amar?
agora somente a brisa
roça o rosto
do homem
que coisa tão boa é melhor
do que sonhar
e ter os pés no chão?
o perto e o longe
são senão o mesmo lugar
a mesma terra
é o mesmo vento
é a mesma brisa
o mesmo mar
LUNE ET SOLEIL
3031995/541995
quando as luzes se apagarem
e não mais se ver a perenidade
do potengi
sentirei saudades dos ecos ocos
dos moços de frete e pessoa
sorrirá alentejo
e alentos e intentos
surgirão refletores perenes
do ir e vir das artérias perdidas
pedidas pelos moços expectros
pretensos expectadores
sem lar nem ninho
pardais predadores esvoaçantes
pensamentos de homens
depredadores de pensamentos pardais
beija-flores sonhos
alentados intentos
refletidos além potengi sena
vi(verão) os pensamentos dos
homens-pardais
quando as luzes se apagarem
e não mais se ver a perenidade
do potengi
sentirei saudades dos ecos ocos
dos moços de frete e pessoa
sorrirá alentejo
e alentos e intentos
surgirão refletores perenes
do ir e vir das artérias perdidas
pedidas pelos moços expectros
pretensos expectadores
sem lar nem ninho
pardais predadores esvoaçantes
pensamentos de homens
depredadores de pensamentos pardais
beija-flores sonhos
alentados intentos
refletidos além potengi sena
vi(verão) os pensamentos dos
homens-pardais
CAMINHO
572010 a adilson rodrigo
como é agradável estar com você
sua ausência é saudade certa
essência e tatuagem em mim
qual ave plainando as planícies
vislumbro os imperios almejados
por nós nas elucubrações juvenis
e continuamos construindo
cautelosamente
nossos personagens
quais colombinas e pierrôs
em micaretas fora de época
nos espelhando em veneza
o nosso sonho deve ser
construído na base sólida
da realidade
caminhemos!!!
como é agradável estar com você
sua ausência é saudade certa
essência e tatuagem em mim
qual ave plainando as planícies
vislumbro os imperios almejados
por nós nas elucubrações juvenis
e continuamos construindo
cautelosamente
nossos personagens
quais colombinas e pierrôs
em micaretas fora de época
nos espelhando em veneza
o nosso sonho deve ser
construído na base sólida
da realidade
caminhemos!!!
sábado, 3 de julho de 2010
PROFECIA
9112001
um rapazola me olhou
e disse-me que
o trem partiria às treze horas
e todas as colombinas já estavam prontas
exitei por não entender nada
eu nunca tinha visto aquele rapaz
e ele conduzia uma tocha
feita de vagalume e visgo
era lindo
o rapaz e a tocha
despiu-se e disse-me
estou esperando o sol nascer
para aquecer meu espírito
e percebi que usava muitos pírcingues
no pênis
mas era lindo
um rapazola me olhou
e disse-me que
o trem partiria às treze horas
e todas as colombinas já estavam prontas
exitei por não entender nada
eu nunca tinha visto aquele rapaz
e ele conduzia uma tocha
feita de vagalume e visgo
era lindo
o rapaz e a tocha
despiu-se e disse-me
estou esperando o sol nascer
para aquecer meu espírito
e percebi que usava muitos pírcingues
no pênis
mas era lindo
UM
1751998 à meire minha amada
o amor que sinto
me satisfaz por ter-te
como eu
não qual és
mas como quero
não como me amaria
mas como quero
o amor que sinto
me satisfaz
me faz pensar como eu seria
o amor que sinto
como o ar que me bate o rosto
e me faz sonhar
como em ondas o ar
o amor que sinto
me satisfaz por ter-te
como eu
não qual és
mas como quero
não como me amaria
mas como quero
o amor que sinto
me satisfaz
me faz pensar como eu seria
o amor que sinto
como o ar que me bate o rosto
e me faz sonhar
como em ondas o ar
DE SETENTA E QUATRO
3091997
meu querido diário meu nome é fafuni
e tenho doze anos
não se assuste com o apelido
ele quer dizer vá dormir
é achou estranho
é que uma tia quando me acalantava
falava assim
e eu sou feliz com esta fonética
é própria particular e restrita
mas eu não ia falar disto não
é que a minha professora protestante afetada de matemática
me entregou pra diretora
por eu ter contado um conto num papel e
fiquei contente porque à luz de lamparina
na casa de mamãe
eu despi mariquinha-doida quiba novinha
- como falava auta de chico-fu-fu
e li prum colega que escutou
pra outro que não entendeu nada
e pra outro que me denunciou
quase fiquei quinze dias sem frequentar a escola
e por isto só voltei a escrever minhas sandices
em setenta e oito
quando caía chuva muita do lado de fora
das grades do quarto quinze na casa do estudante
quando me refugiei em natal e
chorava a falta de você meu querido diário
porque já havia desaprendido a jogar-me no papel
por medo de ser espancado
o que diria mário quintana
que ganhou uma ida ao jardim botânico
por causa da sua redação sobre a fórmula de einstein
que a achou absurda e maravilhosa
como a lenda de aladim
seria pré-histórico
meu querido diário meu nome é fafuni
e tenho doze anos
não se assuste com o apelido
ele quer dizer vá dormir
é achou estranho
é que uma tia quando me acalantava
falava assim
e eu sou feliz com esta fonética
é própria particular e restrita
mas eu não ia falar disto não
é que a minha professora protestante afetada de matemática
me entregou pra diretora
por eu ter contado um conto num papel e
fiquei contente porque à luz de lamparina
na casa de mamãe
eu despi mariquinha-doida quiba novinha
- como falava auta de chico-fu-fu
e li prum colega que escutou
pra outro que não entendeu nada
e pra outro que me denunciou
quase fiquei quinze dias sem frequentar a escola
e por isto só voltei a escrever minhas sandices
em setenta e oito
quando caía chuva muita do lado de fora
das grades do quarto quinze na casa do estudante
quando me refugiei em natal e
chorava a falta de você meu querido diário
porque já havia desaprendido a jogar-me no papel
por medo de ser espancado
o que diria mário quintana
que ganhou uma ida ao jardim botânico
por causa da sua redação sobre a fórmula de einstein
que a achou absurda e maravilhosa
como a lenda de aladim
seria pré-histórico
FIDUS ACHATES DEUX
862000
esse broto que tem estado
em meus sonhos
a transeuntarmos de mãos dadas as ruas
do mundo
"olha...um sorriso da alma!"
me faz cantar
será ele
meu guerreiro forco latino?
tem torso de um deus
artérias latentes
que me inebriam
e me faz sonhar
ombros nus peitos largos
cabelos de tabajara
capricorniano
mensagens de boa noite
esse broto internauta
que manda todas as manhãs
numa fantasia estranha
me faz enlouquecer é o que sei
ele é um torso moldado em rocha das serras do sertão
pelos desejos meus guardados há anos
esse broto
esse broto que tem estado
em meus sonhos
a transeuntarmos de mãos dadas as ruas
do mundo
"olha...um sorriso da alma!"
me faz cantar
será ele
meu guerreiro forco latino?
tem torso de um deus
artérias latentes
que me inebriam
e me faz sonhar
ombros nus peitos largos
cabelos de tabajara
capricorniano
mensagens de boa noite
esse broto internauta
que manda todas as manhãs
numa fantasia estranha
me faz enlouquecer é o que sei
ele é um torso moldado em rocha das serras do sertão
pelos desejos meus guardados há anos
esse broto
INDIFERENÇA
1961998
os versos meus que falam em você
e tão longe de mim
se faz indiferente
calam
os meus versos já são só seus
por estar eu distante
e querer-te tanto
gritam
com os olhos da paixão
te procuro em todos os transeuntes
em todos os músculos
todos os cérebros
e só a mim sinto penso e toco
em meus versos
os versos meus que falam em você
e tão longe de mim
se faz indiferente
calam
os meus versos já são só seus
por estar eu distante
e querer-te tanto
gritam
com os olhos da paixão
te procuro em todos os transeuntes
em todos os músculos
todos os cérebros
e só a mim sinto penso e toco
em meus versos
O SERTÃO É URB
22071991
aquele bruxo me enfeitiçou
e eu não sei mais nada
do sertão porque são veredas
só veredas que me conduzem
às urbes e eu não sabia
e eu transcedente já percebo
pelos cristais de rocha
- e eu que riso só com khlébnikov
porque estava preso às agruras
de uma medíocre vida
que as musas negligentes
de propósito me colocaram
para qu'eu crescesse não crescesse
e visse o bruxo que por
um momento me enfeitiçou
e não me disse qu'eu era
um bruxo
- e que o sertão
é uma urb
aquele bruxo me enfeitiçou
e eu não sei mais nada
do sertão porque são veredas
só veredas que me conduzem
às urbes e eu não sabia
e eu transcedente já percebo
pelos cristais de rocha
- e eu que riso só com khlébnikov
porque estava preso às agruras
de uma medíocre vida
que as musas negligentes
de propósito me colocaram
para qu'eu crescesse não crescesse
e visse o bruxo que por
um momento me enfeitiçou
e não me disse qu'eu era
um bruxo
- e que o sertão
é uma urb
FIXAÇÃO
1132002
a tua ausência
essência fixa e opaca
outros códigos necessitei
para expressar meu espírito
a palavra não comportou
e eu fiquei no cais
dois séculos se consumaram
para nos reencontrarmos
já estávamos mais
serenos e lúcidos
já não empunhava a espada negra
que acreditava onipotência
mas com seus cabelos encrespados
fenecera voltou à fuligem
para milhões de anos
ressurgir como pedra
fixa e eterna no sertão
traseunta em meus sonhos
diurnos arco-íris
eu uso a palavra
para externar todos os sentimentos
que lateja nas minhas entranhas
só não entendo porque
esta perenidade não passa
é essência fixa
a tua ausência
essência fixa e opaca
outros códigos necessitei
para expressar meu espírito
a palavra não comportou
e eu fiquei no cais
dois séculos se consumaram
para nos reencontrarmos
já estávamos mais
serenos e lúcidos
já não empunhava a espada negra
que acreditava onipotência
mas com seus cabelos encrespados
fenecera voltou à fuligem
para milhões de anos
ressurgir como pedra
fixa e eterna no sertão
traseunta em meus sonhos
diurnos arco-íris
eu uso a palavra
para externar todos os sentimentos
que lateja nas minhas entranhas
só não entendo porque
esta perenidade não passa
é essência fixa
sexta-feira, 2 de julho de 2010
O ETERNO
1191990 a francisco ivan e
a haroldo de campos
ele deixou a porta abrida porque gostava da fresca
que corria e lhe refrescava o ventre
cansado de tanto soerguer-se
tonto e cansado ficava
e recebia com a porta abrida a fresca que corria
seu filhinho sonho de tanto sonhar
com a porta abrida recebia com ele a fresca que corria
e corria na rua a ganância de mais querer
e destruir o outro que sonhava seus sonhos
a realizá-los
e corria uma fresca brisa que refrescava a irrealização de sonhos
e acariciava outros há muito sonhados
sua porta a fresca o sonho o filhinho ele
sonho de tantos e tontos sonhos
que a fresca trazia e levava outros que outros iam a sonhar
e corria a ganga
que abrida a porta lhe destruía os sonhos
semelhantes às bridas que castravam os sonhos dos cavalos alados
obrigados a não mais correr e voar
na brisa dos campos que refrescava os sonhos
como o homem do sonho que recebia a fresca que passava em sua porta
lhe acariciava os sonhos e lhe fazia sonhar
o tempo a contento via tudo e todos
de tanto passar o tempo
à brisa de todos os tempos descansou ele
a haroldo de campos
ele deixou a porta abrida porque gostava da fresca
que corria e lhe refrescava o ventre
cansado de tanto soerguer-se
tonto e cansado ficava
e recebia com a porta abrida a fresca que corria
seu filhinho sonho de tanto sonhar
com a porta abrida recebia com ele a fresca que corria
e corria na rua a ganância de mais querer
e destruir o outro que sonhava seus sonhos
a realizá-los
e corria uma fresca brisa que refrescava a irrealização de sonhos
e acariciava outros há muito sonhados
sua porta a fresca o sonho o filhinho ele
sonho de tantos e tontos sonhos
que a fresca trazia e levava outros que outros iam a sonhar
e corria a ganga
que abrida a porta lhe destruía os sonhos
semelhantes às bridas que castravam os sonhos dos cavalos alados
obrigados a não mais correr e voar
na brisa dos campos que refrescava os sonhos
como o homem do sonho que recebia a fresca que passava em sua porta
lhe acariciava os sonhos e lhe fazia sonhar
o tempo a contento via tudo e todos
de tanto passar o tempo
à brisa de todos os tempos descansou ele
UN OISEAU
25101997
lá fora canta um pássaro
me diz e eu não consigo
ler
ele canta continua a dizer
e eu só sinto
e não entendo
ou entendo tanto que
sinto e finjo
não entender
ele diz e eu sinto
lá fora canta um pássaro
me diz e eu não consigo
ler
ele canta continua a dizer
e eu só sinto
e não entendo
ou entendo tanto que
sinto e finjo
não entender
ele diz e eu sinto
ONE WORLD ONE PEACE
1291996
garoto lembrei de você
a perfeição
estávamos comemorando
a justiça os preconceitos
e lembrei daquela cama
renato russo cantou
e eu me lembrei
da nossa bandeira
da nossa solidão
e vamos enterrar a estupidez
a violência e a desumanidade
celebremos o amor
nesta primavera
é a perfeição
garoto lembrei de você
a perfeição
estávamos comemorando
a justiça os preconceitos
e lembrei daquela cama
renato russo cantou
e eu me lembrei
da nossa bandeira
da nossa solidão
e vamos enterrar a estupidez
a violência e a desumanidade
celebremos o amor
nesta primavera
é a perfeição
TEMPO
1241997
meia noite e soam as primeiras baladas
de um vento norte que enfada
as asas dos anjos e de uns simoníacos homens
todos de uma plêiade só
meia noite e já se faz tarde
e só os homens vibram
com sibilantes notas vindas como que ressuscitadas
de longínquas eras
meia noite faz um frio norte
e não é tarde é o tempo dentro do tempo
e não se faz tarde
e continuam sibilantes as baladas notas
meia noite e soam as primeiras baladas
de um vento norte que enfada
as asas dos anjos e de uns simoníacos homens
todos de uma plêiade só
meia noite e já se faz tarde
e só os homens vibram
com sibilantes notas vindas como que ressuscitadas
de longínquas eras
meia noite faz um frio norte
e não é tarde é o tempo dentro do tempo
e não se faz tarde
e continuam sibilantes as baladas notas
AO BROTO DE BRANCO
2371991
foi como um bálsamo
mas muito fugaz
como as coisas boas
etéreas mas eternas
foi um momento-segundo
tempo suficiente
pra elucidar meu
espírito que estava ótimo
e como eu não podia fazer outra coisa
porque fiquei demasiado feliz
fui pro cruzeiro
olhar o horizonte
e receber a fresca que lá corre
presente em todo o tempo
aquele minumento ficou eterno em mim
e sonho com outro momento
que me dê um minuto
um monumento outro
que me faça
pensar no éter
para pensar naquele broto
foi como um bálsamo
mas muito fugaz
como as coisas boas
etéreas mas eternas
foi um momento-segundo
tempo suficiente
pra elucidar meu
espírito que estava ótimo
e como eu não podia fazer outra coisa
porque fiquei demasiado feliz
fui pro cruzeiro
olhar o horizonte
e receber a fresca que lá corre
presente em todo o tempo
aquele minumento ficou eterno em mim
e sonho com outro momento
que me dê um minuto
um monumento outro
que me faça
pensar no éter
para pensar naquele broto
MÃE MINHA PRETA DE LEITE
2161993
ai que saudades da minha serra
da mãe minha preta de leite
que o tempo não mama mais
ai que serra de saudades
do coachar dos sapos
dos raros invernos chuvosos
e dos riachos arenosos que a chuva não molha mais
ai que saudades da minha serra
da parteira que me pegou
dos meninos que brincamos na pedra-grande
e das coisas que me proibiram
ai que saudades da minha serra
da mãe minha preta de leite
que o tempo não mama mais
ai que serra de saudades
do coachar dos sapos
dos raros invernos chuvosos
e dos riachos arenosos que a chuva não molha mais
ai que saudades da minha serra
da parteira que me pegou
dos meninos que brincamos na pedra-grande
e das coisas que me proibiram
QUOTIDIANO
371998
o minino inventoso macriado
responde incima do lombo
e o mandado de ir buscar
o jumento pra ir ver lenha e água
num é cumprido não
é lida grande
busca água lenha
corta replanta e planta capim pra ração
liga e desliga bomba
pru mode num matar de fome nem sede
os bichin que segura a mesa
o risiido e a esperança
da fartura do inverno por vir
homem no campo
o agrimensor diz ao agricultor
que a vida num muda
ele trabalha na bruta lida
em meio a facão enxada picareta
cavalo chibanca sela
carroça e formão
o minino inventoso macriado
responde incima do lombo
e o mandado de ir buscar
o jumento pra ir ver lenha e água
num é cumprido não
é lida grande
busca água lenha
corta replanta e planta capim pra ração
liga e desliga bomba
pru mode num matar de fome nem sede
os bichin que segura a mesa
o risiido e a esperança
da fartura do inverno por vir
homem no campo
o agrimensor diz ao agricultor
que a vida num muda
ele trabalha na bruta lida
em meio a facão enxada picareta
cavalo chibanca sela
carroça e formão
SERTÃO
271998
no zênite o sol escalda
os mufumbos mudam de cor e
servem de adubo suas folhas
a vaca muge com a
falta d'água e a mulher
diz que tem medo não nehuma
o joão-de-barro num fei
sua porta pru puente
e tudo se tornou rim
mas
"mandacaru quando fulora"
é esperança certa
a babuje brota no sertão
e o home ri
no zênite o sol escalda
os mufumbos mudam de cor e
servem de adubo suas folhas
a vaca muge com a
falta d'água e a mulher
diz que tem medo não nehuma
o joão-de-barro num fei
sua porta pru puente
e tudo se tornou rim
mas
"mandacaru quando fulora"
é esperança certa
a babuje brota no sertão
e o home ri
O ATALHO
precipita-se o homem
no caminho
das pedras
os espinhos expiam
todas as demandas mandadas
feitas
por inexcrupulosos seres
de subestratos e esferas aquém
os espinhos expiam
ecoa em eras rupestres os bombos e gongos
e flui boa seiva
as rosas riem escarlate
o homem ridente
caminha no íngreme caminho das pedras
e corre
escorre gargalhadas por entre
as árvores felizes
e carregadas de gás carbônico
e fuligens que o homem
engole em horríveis proporções
para que o atalho?
no caminho
das pedras
os espinhos expiam
todas as demandas mandadas
feitas
por inexcrupulosos seres
de subestratos e esferas aquém
os espinhos expiam
ecoa em eras rupestres os bombos e gongos
e flui boa seiva
as rosas riem escarlate
o homem ridente
caminha no íngreme caminho das pedras
e corre
escorre gargalhadas por entre
as árvores felizes
e carregadas de gás carbônico
e fuligens que o homem
engole em horríveis proporções
para que o atalho?
BUSCA INFINDA
1662001
o tempo veste minha terra de noiva
o meu coração de afeto pulsa vibrações
de eras e remotos
mancebos errantes
em busca de acertos
eu pueril lambuzo-me na poeira
removida pelas crianças que brincam
na festa da vida
promovida por dois rapazes amantes
extasiados de se encontrarem
vibram olho e alma
eternas gerações se esperavam
para vê-los uno
martinianos vermelhos de paixão e esperança
espíritos em ebulição
e em espirais evoluem
rumo ao zen
o tempo veste minha terra de noiva
o meu coração de afeto pulsa vibrações
de eras e remotos
mancebos errantes
em busca de acertos
eu pueril lambuzo-me na poeira
removida pelas crianças que brincam
na festa da vida
promovida por dois rapazes amantes
extasiados de se encontrarem
vibram olho e alma
eternas gerações se esperavam
para vê-los uno
martinianos vermelhos de paixão e esperança
espíritos em ebulição
e em espirais evoluem
rumo ao zen
quinta-feira, 1 de julho de 2010
PATU RUPESTRE
ACRÍLICO SOBRE JUTA E TEM COMO TEMÁTICA OS DESENHOS RUPESTRES ENCONTRADOS NOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS PATUENSES.
DEITADO EM BERÇO ESPLÊNDIDO
Acrílico sobre tela. Trabalho produzido em 2003 e tem como temática a Serra de Patu e a imagem masculina.
MARIA PRETA, MÃE MINHA NEGA DE LEITE
Maria Preta foi uma mulher de luta e cheia de generosidade que viveu e morreu em Patu-RN. Mãe de Leite de muitos me amamentou e em homenagem a ela fiz este trabalho como retribuição histórica ao que eu jamais teria condições de pagar.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
O LIMITE?
12102000
o limite de mim mesmo
está aquém dos muros azuis
erguidos em menção honrosa
à limitação
e eu não quero partido
quero inteiro
diria blackout
para que limites além dos muros?
eles chegam e partem
porque não é pra limitar
limite é este ponto em que
me encontro
o início e o fim
a partida e a chegada
tudo é uno
veja os mares
são um
e as lamúrias são mímicas
limítrofes
do silêncio
e se espera aprender a não limitar
o limite de mim mesmo
está aquém dos muros azuis
erguidos em menção honrosa
à limitação
e eu não quero partido
quero inteiro
diria blackout
para que limites além dos muros?
eles chegam e partem
porque não é pra limitar
limite é este ponto em que
me encontro
o início e o fim
a partida e a chegada
tudo é uno
veja os mares
são um
e as lamúrias são mímicas
limítrofes
do silêncio
e se espera aprender a não limitar
SÓ FALAR?
8102000
o que posso fazer
senão sentir e ver o tempo passar?
todos passam como o tempo
e é bom
há uns que permanecem sem estar
outros partem e sequer são lembrados
e eu esfacelado caminho
à beira mar
imagino no que há detrás da serra de patu
no fundo do mar
e tudo se torna virtual
o rapaz que busca o
sabiá que foge dos pomares
por causa dos agrotóxicos
que matam homens
desalojam as samambaias
dilacera a vida
o homem-ganância
clica e árvores viram ação
papel de bolsas sem-valores
de homens-de-capital
capital duvidoso
e o tempo
comporta a esperança de que isto vai
um dia
mudar
o que se pode fazer?
falar falar falar
o que posso fazer
senão sentir e ver o tempo passar?
todos passam como o tempo
e é bom
há uns que permanecem sem estar
outros partem e sequer são lembrados
e eu esfacelado caminho
à beira mar
imagino no que há detrás da serra de patu
no fundo do mar
e tudo se torna virtual
o rapaz que busca o
sabiá que foge dos pomares
por causa dos agrotóxicos
que matam homens
desalojam as samambaias
dilacera a vida
o homem-ganância
clica e árvores viram ação
papel de bolsas sem-valores
de homens-de-capital
capital duvidoso
e o tempo
comporta a esperança de que isto vai
um dia
mudar
o que se pode fazer?
falar falar falar
CAIS
2e392000
mas eu tinha que
me derramar no papel
você
me fez fluir
e me fez aflorar
todos os desejos todos os sonhos
calcificados ao longo
das eternidades
nesta jornada infinda
de pedra e éter
sertão ácido árido poeta
água e gás
neste porto de eterno
partir e ficar
nos encontramos
e rufaram sentimentos
dantes indiferentes
mas eu tinha que
me derramar no papel
você
me fez fluir
e me fez aflorar
todos os desejos todos os sonhos
calcificados ao longo
das eternidades
nesta jornada infinda
de pedra e éter
sertão ácido árido poeta
água e gás
neste porto de eterno
partir e ficar
nos encontramos
e rufaram sentimentos
dantes indiferentes
BUSCA-MI(L)
292000
no alvoroço ensurdecedor dos metais
uma silenciosa e plácida cumplicidade
enlaçam aqueles olhares que
caminham por entre a multidão
e se entrelaçam
dançam
e esvoaçam em espiral
já não são só dois homens
tornaram-se uno
na imensidão
e outros continuam a buscar
outros que buscam
e lançam contínuos e provocantes
jatos de espírito
querendo se confraternizar
e buscam os elos perdidos
na multidão
todos querendo ser um
no alvoroço ensurdecedor dos metais
uma silenciosa e plácida cumplicidade
enlaçam aqueles olhares que
caminham por entre a multidão
e se entrelaçam
dançam
e esvoaçam em espiral
já não são só dois homens
tornaram-se uno
na imensidão
e outros continuam a buscar
outros que buscam
e lançam contínuos e provocantes
jatos de espírito
querendo se confraternizar
e buscam os elos perdidos
na multidão
todos querendo ser um
NEOMÊNIA
292000
já ia sons e tons
e semitons
a tocarem qual
uma brisa de mar
silenciosa e lascerante
causando alvoroços e destroços
e em inusitado instante
me acalmou o espírito
sons e tons
agudos prazeres
já ia seis
de doze luas
de uma gestação
de espíritos ousados
de sonhos e sons e tons
já ia sons
e iam vontades e desejos sagazes
a tocar melodias
como de uma afinada harpa
harmônica e milenar de naverrantes
jovens e saudosos poetas
de patu e natal
descobriu-se o prazer
já ia sons e tons
e semitons
a tocarem qual
uma brisa de mar
silenciosa e lascerante
causando alvoroços e destroços
e em inusitado instante
me acalmou o espírito
sons e tons
agudos prazeres
já ia seis
de doze luas
de uma gestação
de espíritos ousados
de sonhos e sons e tons
já ia sons
e iam vontades e desejos sagazes
a tocar melodias
como de uma afinada harpa
harmônica e milenar de naverrantes
jovens e saudosos poetas
de patu e natal
descobriu-se o prazer
OBLÍQUO
2997
da janela do meu quarto
cintilam tuas pupilas
que me epiam passar em direção a marte
os martinianos expiam suas existências
coroadas de amores i-lícitos
duas pupilas me espiam
e têm íris cor de mel
exalam perfume de pedra ao sol no sertão
das urbs do meu planeta volta-se ao caos
e já é verão
o sol bate nos meus ombros
me refresca a alma
e me faz sonhar
na janela do meu quarto
sonho em ter-te
sendo nós em algum momento uno
da janela do meu quarto
cintilam tuas pupilas
que me epiam passar em direção a marte
os martinianos expiam suas existências
coroadas de amores i-lícitos
duas pupilas me espiam
e têm íris cor de mel
exalam perfume de pedra ao sol no sertão
das urbs do meu planeta volta-se ao caos
e já é verão
o sol bate nos meus ombros
me refresca a alma
e me faz sonhar
na janela do meu quarto
sonho em ter-te
sendo nós em algum momento uno
OS DOIS AMANTES
11092
um quis o outro
o outro andarilho andara e andará
um esperou a volta
mas àquela noite
não amaram nada
porque já havia passado
o frêmito e o
mistério do querer
um quis o outro
o outro andarilho andara e andará
um esperou a volta
mas àquela noite
não amaram nada
porque já havia passado
o frêmito e o
mistério do querer
NEGATIVO
11122001
com o passar dos dias
meu coração ficou mais sereno
menos efêmero e fugaz
de docinhos de cacau
e leite
tirei feitos de amor
que nunca pensara
todos os meninos descem e sobem
a rua e não se cansam
eu era assim buscando o amor
e ele estava em mim
quando me apaixonei por você
e só hoje entendi isto
o verão faz mudar
e você mudou
e eu também
o carro da coleta
levou o lixo e
todos os poemas
em preto e branco se foram
ficaram os sonhos
com o passar dos dias
meu coração ficou mais sereno
menos efêmero e fugaz
de docinhos de cacau
e leite
tirei feitos de amor
que nunca pensara
todos os meninos descem e sobem
a rua e não se cansam
eu era assim buscando o amor
e ele estava em mim
quando me apaixonei por você
e só hoje entendi isto
o verão faz mudar
e você mudou
e eu também
o carro da coleta
levou o lixo e
todos os poemas
em preto e branco se foram
ficaram os sonhos
MY DREAM MY LIFE
01072000
os homens todos amarão
os homens todos em busca da paz e
"será um lindo dia amanhã"
serão todos
fidus achates?
os homens todos amarão
os homens todos em busca da paz e
"será um lindo dia amanhã"
serão todos
fidus achates?
BURLA
25112000
os girassóis em sementes
que plantei
floraram orquídeas
quais vulvas férteis
à espera de sémen
para perpetuação das espécies
os girassóis em sementes
que plantei
floraram orquídeas
quais vulvas férteis
à espera de sémen
para perpetuação das espécies
SONHOS
12102000
a dor de não ter-te
e imaginar distante mais do que estás
destroi-me e aflora
todas as frustrações enrustidas
há milênios pelos meus eus
florescem nos lajeiros do sertão
nos alpes
nas cordilheiras
e nas grutas mais remotas
a dor de ter-te
no meu colo acalantado
pelos sentimentos mais pueris
me faz viajar
em direção a netuno
à procura de tritão e nereida
para no oitavo dia
te ver dormir e sonhar
e soltar as fantasias quiméricas
de milênios amufambadas
por outros eus
o prazer de ter-te
é onírico
e eu galgo todos os cumes
em te ver passar
a dor de não ter-te
e imaginar distante mais do que estás
destroi-me e aflora
todas as frustrações enrustidas
há milênios pelos meus eus
florescem nos lajeiros do sertão
nos alpes
nas cordilheiras
e nas grutas mais remotas
a dor de ter-te
no meu colo acalantado
pelos sentimentos mais pueris
me faz viajar
em direção a netuno
à procura de tritão e nereida
para no oitavo dia
te ver dormir e sonhar
e soltar as fantasias quiméricas
de milênios amufambadas
por outros eus
o prazer de ter-te
é onírico
e eu galgo todos os cumes
em te ver passar
INFÂNCIA
2482001
mamãe costurava os costumes
da cidade
e eu lia o pequeno príncipe
que achava parecido
com todos os meninos da minha idade
papai andava a cavalo pro pé-da-serra
e eu queria furar um túnel
pra encurtar o percurso
mas eu ia na lua-da-sela
depois na garupa
e sonhava cavalgar
na rodagem pro patu-de-fora
mamãe fazia um rubacão
danado de bom
com toicin feijão-de-corda linguiça
arroz-da-terra nata queijo-de-coalho
carne-de-sol e muito cuento
nada era melhor
só a malassada de vovó
no café forte da tarde
quando eu era menino era tão bom!!!
mamãe costurava os costumes
da cidade
e eu lia o pequeno príncipe
que achava parecido
com todos os meninos da minha idade
papai andava a cavalo pro pé-da-serra
e eu queria furar um túnel
pra encurtar o percurso
mas eu ia na lua-da-sela
depois na garupa
e sonhava cavalgar
na rodagem pro patu-de-fora
mamãe fazia um rubacão
danado de bom
com toicin feijão-de-corda linguiça
arroz-da-terra nata queijo-de-coalho
carne-de-sol e muito cuento
nada era melhor
só a malassada de vovó
no café forte da tarde
quando eu era menino era tão bom!!!
SONHO DE MENINO
692001
a pipa alçou vôo
o menino sorriu feliz
a rua tornou-se o deserto
(in)desejado
a roupa rasgada
o pé no chão
barriga vazia
eu quero ser médico
o menino chorou
a polícia bateu...ou matou
minha pipa é
meu sonho
é não violência
não fome nem dor
a pipa alçou vôo
o menino sorriu feliz
a rua tornou-se o deserto
(in)desejado
a roupa rasgada
o pé no chão
barriga vazia
eu quero ser médico
o menino chorou
a polícia bateu...ou matou
minha pipa é
meu sonho
é não violência
não fome nem dor
FIDUS ACHATES
30992
nunca te escreverei coisa alguma
porque nunca acharei nada
pra te dizer
nunca terei nada coisa
alguma coisa pra te dizer
terei nunca alguma coisa
que te diga
só sentirei como sinto
você do meu lado
e nos devoramos alguma coisa
e eu te sinto
e nunca te escrevei nada
um hai-kai porque sequer
te quero sentir e não pensar
coisa alguma
nunca te escreverei coisa alguma
porque nunca acharei nada
pra te dizer
nunca terei nada coisa
alguma coisa pra te dizer
terei nunca alguma coisa
que te diga
só sentirei como sinto
você do meu lado
e nos devoramos alguma coisa
e eu te sinto
e nunca te escrevei nada
um hai-kai porque sequer
te quero sentir e não pensar
coisa alguma
É ISTO
um lamento em uma nota só
um lamento e uma nota só
uma nota só e um lamento
uma nota e um só lamento
lamento de uma nota só
escrevi num papel
um lamento
e eu vi mamãe sentir a dor de ser mãe
e não ter o espaço que merece
vi o poder matar e ludibriar
para se manter matando
eu vi o iraque lutando
para se manter independente
das injenções ianques
eu vi nas ruas da minha cidade
as pessoas transeuntarem
e todos iguais
todos irmãos esfacelados
em busca de pão e água
e vi a pele dos gatos descerem
até o pó
e as crianças como os gatos e cachorros
gregos ou troianos já dizimados
em piedade e dó
transeuntam articulando o amanhã
e eu escrevi neste tempo a dor
de correr levando a vida imposta
e subornada pelo poder E EU ESCREVI NO PAPEL
MEU LAMENTO
um lamento e uma nota só
uma nota só e um lamento
uma nota e um só lamento
lamento de uma nota só
escrevi num papel
um lamento
e eu vi mamãe sentir a dor de ser mãe
e não ter o espaço que merece
vi o poder matar e ludibriar
para se manter matando
eu vi o iraque lutando
para se manter independente
das injenções ianques
eu vi nas ruas da minha cidade
as pessoas transeuntarem
e todos iguais
todos irmãos esfacelados
em busca de pão e água
e vi a pele dos gatos descerem
até o pó
e as crianças como os gatos e cachorros
gregos ou troianos já dizimados
em piedade e dó
transeuntam articulando o amanhã
e eu escrevi neste tempo a dor
de correr levando a vida imposta
e subornada pelo poder E EU ESCREVI NO PAPEL
MEU LAMENTO
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